O que é, afinal, a inteligência?
Uma definição simples que me inspira é aquela que
diz que a inteligência é a propriedade que nos permite pensar, criar, inovar, fazer
escolhas, elaborar estratégias, tomar decisões, resolver desafios e solucionar
problemas tendo em vista adaptar-nos à vida.
Existem
vários tipos de inteligência?
Fala-se hoje muito em inteligências múltiplas
(emocional, espiritual, espacial, etc) mas considero que a maior parte daquilo
que se chama inteligência ou são capacidades ou meras competências. Prefiro
algo mais simples: a inteligência pode ser analítica, criativa e executiva
(prática). As chamadas inteligências emocionais ou sociais, por exemplo,
representam, para mim, habilidades e competências (que se podem adquirir, aprender e
desenvolver ao longo da vida).
Nasce-se
inteligente, ou tornamo-nos inteligentes?
Nascemos com um leque de potencialidades que
estão para além da inteligência mas que incluem a inteligência. Esta pode ser
desenvolvida e enriquecida através de estímulos recebidos nos primeiros anos de
vida (como também pode ficar inibida) e potenciada nos anos seguintes. Nunca se
pode dissociar a inteligência de outras variáveis que estão presentes na
personalidade de cada um. Trabalhando essas variáveis podemos flexibilizar e
ampliar aquilo que se entende por inteligência.
Qual o
papel dos genes no processo?
Obviamente, os genes têm um papel importante em todo
o desenvolvimento do organismo, incluindo as múltiplas áreas da psique. Os
genes são o ponto de partida mas deixam um amplo espaço de manobra para que o
meio, a cultura, as experiências e os desafios da vida exerçam uma função
modeladora. O desenvolvimento da inteligência é sempre
um processo dinâmico em aberto ao longo da vida. O que fizermos com a
inteligência ditará um maior ou um menor sucesso onde actuarmos (nos
relacionamentos, no trabalho, na política, na comunidade, etc.).
A
personalidade e as emoções interferem na inteligência?
As emoções fazem parte da personalidade tal como a
inteligência. As emoções interferem nos comportamentos. E estes serão mais ou
menos inteligentes conforme a nossa capacidade para usarmos os nossos recursos
(saberes, interesses, capacidade de aprender, criatividade, carácter, etc.)
incluindo as emoções e os sentimentos.
O que
existe afinal de verdade nos conceitos QI, QE, QP e Qes?
São conceitos que procuram dimensionar
diferentes potencialidades. O Q.I. pretende medir a inteligência mais racional.
O Q.E. a inteligência emocional. O Q.P. é a inteligência positiva. O Q.Es a inteligência espiritual. Todos estes
quocientes são tentativas de medir algo que dificilmente é mensurável
com o rigor científico ambicionado. Um indivíduo pode revelar-se mais inteligente
e habilidoso numa área e perfeitamente inapto e até estúpido noutras situações. Estes conceitos deram
origem à indústria dos testes psicométricos mas pessoalmente não confio nos
resultados apregoados. Eles medem os resultados de testes, mas medem o quê?
Habilidades? Competências? Há pessoas que têm uma extraordinária perícia para
fazer testes de inteligência e chegam a resultados excepcionais, mas isso não
significa que na vida, no trabalho, nos relacionamentos, sejam tão inteligentes
como mostram nos testes. Confunde-se
frequentemente inteligência com habilidade, perícia, sabedoria e competência.
Importância
do conhecimento do “eu interior” nas várias etapas da vida humana.
Conhecermo-nos a nós próprios é uma velha máxima
que já vem da Grécia Antiga e até antes daqueles que são apontados como os
primeiros filósofos. Porque somos seres sociais em que a visão
representa 60% dos nossos sentidos, vivemos muito para o exterior e muito
dependentes das imagens que os espelhos reflectem. Somos também sensíveis ao
que os outros possam opinar sobre nós. E isso leva-nos a centrar a
atenção na imagem externa, na ideia que fazemos de nós próprios.
Isso beneficia a indústria e o comércio da moda. O "eu interior"
situa-se a uma maior profundidade, no âmago da nossa personalidade. Ele é o
produto de construções mentais, de crenças, de estímulos, de laços afectivos da
infância. Ele dá-nos um sentimento de unidade e de identidade e desenvolver-se
ao longo da vida, ora reforçando-se ora enfraquecendo-se. O "eu
interior" é psicológico, espiritual e corporal, aglutinando estas três
dimensões.
Como
podem os governos impedir o desperdício de talentos e qual a importância dessa
atitude?
Através de decisões políticas e acções
concretas que devem comprometer o sistema educacional e o sistema
económico na detecção e incentivos àqueles que revelem talento, sabedoria
e excepcional competência em áreas de reconhecido interesse para os países.
Esses indivíduos são uma mais-valia por aquilo que podem contribuir para o
avanço da Ciência, da Tecnologia, do Conhecimento, da Inovação e da
Modernização da sociedade.Nelson S Lima