É possível educar crianças autodeterminadas, desenvolvendo e
estimulando atitudes simples e quotidianas de atenção e observação internas.
São sete estratégias para desenvolver tais qualidades:
1.Criar um
ambiente familiar favorável às decisões independentes.
2.Ensinar
às crianças como desenvolver um diálogo interno produtivo e evitar a
auto-ilusão e racionalizações.
3.Treiná-las
a pensar nos outros.
4 Ensiná-las
a desenvolver e a confiar em sua intuição.
5.Utilizar
estratégias de aconselhamento que encorajem a autodeterminação.
6.Ajudar as
crianças a desenvolver habilidades de auto-recuperação após derrotas, de modo
que permaneçam autodeterminadas.
7.Ensiná-las
a lidar com diferentes influências externas de modo autodeterminado.
As ameaças e as dificuldades enfrentadas pelas crianças na
sociedade contemporânea derivam de uma única fonte: estamos a criar os nossos
filhos para se orientarem pelo mundo externo, e não pelo interno.
Estamos ensinando-os a fazer opções na vida para obterem
aprovação e aceitação dos outros. Com isso, os nossos filhos renunciam ao
único dom que eleva seres humanos acima de todos as outras criaturas vivas – a
capacidade de raciocinar por si mesmos.
Imagine, por um momento, como seria o mundo se todas as
crianças fossem auto-orientadas: teríamos pessoas com capacidade de avaliar os
seus pontos fortes particulares, traduzi-los em papéis significativos e
contribuir para a vida de suas comunidades.
UMA OUTRA QUESTÃO
UMA OUTRA QUESTÃO
Por que é que algumas crianças que nasceram e viveram em
bairros muito pobres tornam-se adultos produtivos, homens e mulheres de bem? É
claro que a resposta é bastante complexa. Mas será que não passa pela autodeterminação
dessas pessoas, que não se deixaram contaminar pelos outros (comportamentos,
hábitos errados, etc.), caminho seguido por muitos por ser o mais fácil? Quer
dizer que alguém lhes ensinou princípios e valores, enquanto que as outras não
tiveram a mesma sorte.
Compare isso com um mundo orientado para o exterior, em que
as pessoas se viram do avesso para conseguir as melhores posições, pisando os
outros e ignorando os próprios princípios morais ao longo do caminho. Imagine
que está ao seu alcance, como pai ou educador, decidir qual desses caminhos a
humanidade vai trilhar!
É claro que não é nada fácil, mas conheça algumas
ferramentas que vão lhe ajudar nesse desafio:
• Você -
pai ou mãe - precisa de ser um modelo de comportamento. Não faz sentido longos
sermões sobre os perigos das drogas enquanto você fuma, por exemplo Lembre-se:
as coisas têm de fazer sentido e ser significativas para que o diálogo interior
das crianças seja claro, eficiente e viável.
• Você pode
ensinar os seus filhos a resolver os conflitos delas com os outros
pacificamente. Precisam de aprender que a violência nunca é uma solução
aceitável para um problema!
• Preste
sempre atenção nos sites que as crianças visitam na Internet. Se tiver de
vigiá-los, vigie-os agora!
• Tente não
sobrecarregar a agenda de seu filho para que não se torne um “mini-stressado”.
Esteja à disposição deles para interagir, para criar um vínculo profundo entre
vocês.
• Ensine
valores de verdade aos seus filhos. Que eles se sintam amados pelo que são, e
não pelo que têm. Eles devem entender que os bens materiais são um subproduto –
e não a causa – da felicidade, e são coisas a serem divididas e desfrutadas com
os outros.
• Ensine
aos seus filhos o real sentido do sexo: a expressão suprema do amor entre duas
almas, e que o sexo é natural e belo. Não é uma forma de escapar ao tédio ou
uma busca por prazer. Eduque seus filhos sobre as desvantagens e os perigos da
irresponsabilidade sexual.
• Ensine
aos seus filhos que a verdadeira atracção não vem de um corpo e rostos
perfeitos nem de uma roupa de marca famosa, mas da auto-expressão, da
criatividade, da auto-aceitação e da capacidade de mostrar amor, afeição e
intimidade.
Se conseguirmos criar os nossos filhos com uma atitude
cooperativa, eles podem crescer e mudar a sociedade, fazendo com que ela deixe
de ser um monte de adversários e passe a ser um monte de amigos. Pode parecer
utópico, mas está nas nossas mãos!
Nelson S. Lima
Nelson S. Lima