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Autor: Nelson S. Lima (clique na imagem)

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Na hora de brincar


A variedade de brinquedos e presentes no mercado é, hoje em dia, tão grande que é muito difícil fazer sugestões.

Vejamos algumas dicas gerais pois particularizar é complexo. IMPORTA mais aos pais escolherem brinquedos e presentes que obtenham sempre que possível algum efeito positivo no seu desenvolvimento do que o simplesmente lúdico.

0-12 meses
Esta é uma idade em que a criança vive ainda muito dentro do seu mundo,
sem qualquer autoperceção consciente. Ela não sente o seu Ego, não distingue o seu Eu do resto que a envolve. Deteta os acontecimentos exteriores mas não a si mesmo como indivíduo separado do ambiente. A sua consciência é do tipo "oceânica", de instintos rudimentares, sem noção de tempo e espaço. A sua consciência flutua numa esfera extrapessoal. Ela ainda se desconhece a si mesma.

Os melhores brinquedos serão os mais simples: objetos de formas diversas mas inseparáveis, sem partes que se soltem mas onde o sentido do tato e o da visão possam ser experimentados. Ela vai assim desenvolvendo a perceção, as noções de volume, peso e espaço. A diversidade de cores é importante.

1-3 anos
A partir dos 15 e 18 meses ele se desprende da consciência oceânica, extrapessoal e vai adquirindo a auto-consciência. Ela já se percebe como um indivíduo distinto dos outros e separado do ambiente. Ela forma o seu Eu e começa a estruturar a sua personalidade. Inicialmente essa diferenciação ainda é difusa mas aos 3 anos já a sua mente está esclarecida. Ela reconhece-se como um ser próprio, diferente dos outros, com uma individualidade que se desenvolve hora a hora.
Os brinquedos devem começar a satisfazer essa mudança que é muito grande nesse período. 

Os melhores devem promover o conhecimento do mundo através de livros simples ilustrados sobre objetos do quotidiano, bonecos que representem animais domésticos afáveis (cachorros, por exemplo), etc. O objetivo dos brinquedos nesta faixa etária deve ser lúdico mas também ilustrativo do mundo que exista fora do seu meio. Deve manter-se a estimulação cognitiva que ponha a criança a pensar sobre questões como peso, volume, altura, largura, profundidade. A sua perceção sensorial deverá ser aumentada.

3-5 anos
Algumas crianças já começam a aprender a ler nestas idades. Também já têm estabelecidas as estruturas cerebrais que lhe permitem desenvolver a chamada "teoria da mente", ou seja, perceber o que os outros possam sentir ou pensar, sabendo antecipar as suas reações. Estão já numa fase em que a sociabilização é muito importante e a aquisição de valores e regras, baseados em princípios que norteiam a família e a sociedade em que está inserida, são decisivas para o seu auto-conceito (auto-imagem, auto-estima, etc.). Ou seja, elas já opinam sobre os outros e sobre si mesmas. O desenvolvimento da curiosidade é decisiva para se tornar em pessoas desejosas de saber, preparando-as para os anos de escola que estão a aproximar-se.

Os brinquedos podem ser mais complexos, tais como construções, jogos que estimulem a inteligência e a criatividade, livros sobre a Natureza e materiais para desenhar, pintar e modelar.

5-7 anos
A criança já está na escola. Já vive um mundo de símbolos, ideias e conceitos. Já se separou das oscilações do ego-corpo (simples, instintivos e impulsivos). A linguagem adquire uma importância vital não apenas para comunicar mas também para estruturar os pensamentos. O seu eu-mental transcende o eu-corpo que foi predominante nos anos anteriores. A criança ainda é egocêntrica mas começa a dar-se ao mundo por interação com os outros, nos quais se revê ou não. O superego - conjunto internalizado de exigências, proibições, regras e conceitos morais decorrentes da educação - está em grande atividade. A descoberta do mundo e do seu papel nesse mundo são acontecimentos vitais para o seu desenvolvimento.

Os melhores brinquedos devem ser livros sobre o mundo, de leitura simples, muito ilustrados, histórias, videojogos que estimulem a imaginação, a concentração e os reflexos, brinquedos que possam ser transformados (tipo "legos"), etc.

7-10 anos
Nesta fase a criança entra no chamado "ego intermédio" (que vai até aos 12 anos). Tem consciência da importância dos afetos e sentimentos como culpa, orgulho, desejo, amor e ódio, que podem ser vivenciados e percecionados sem consciência crítica. A criança ainda está envolta num certo "banco de nevoeiro" relativamente à realidade do mundo, especialmente o humano. Os seus horizontes mentais (visões do mundo) são ainda muito restritos. As necessidades de auto-estima são elevadas, a força de vontade pode ser estimulada, o auto-controlo e as metas da vida devem ser instaladas. A noção de passado e futuro começa a ser ampliada. A perceção temporal torna-se mais nítida. O pensamento é já operacional e concreto.

Os brinquedos ideais devem corresponder a este perfil de personalidade e à sua estrutura cognitiva. Livros de histórias, de aventuras e de ilustrações sobre os diversos mundos do "mundo terrestre e universal" - Terra e Espaço Sideral, jogos diversos, desportos, brincadeiras ao ar livre, parques temáticos, etc.

10-12 anos
Findo o período do "ego intermédio" a criança entra na pré-adolescência. A influência dos amigos começa a suplantar a dos pais. O seu pensamento torna-se mais complexo, mais crítico e mais distanciado. Ela afasta-se dos mais pequenos e procura apoio nos amigos mais velhos ou mais maduros. Preocupa-se com o desenvolvimento da sua personalidade (personalidade escolhida), o seu aspeto (físico e psicológico), deseja crescer rapidamente.
O interesse pelos desportos de competição pode ser estimulado e enriquecido. Talentos inatos encontram a sua melhor ocasião para desabrocharem mediante as condições que lhe são apresentadas.

Os brinquedos podem incluir aparelhos/objetos de desporto (bolas, pranchas de surf, barcos), brinquedos radio-controlados, livros diversos, computadores, inscrição em clubes (desportivos e culturais), etc.

Nelson S Lima