A variedade de brinquedos e presentes no mercado é, hoje
em dia, tão grande que é muito difícil fazer sugestões.
Vejamos algumas dicas gerais pois
particularizar é complexo. IMPORTA
mais aos pais escolherem brinquedos e presentes que obtenham sempre que possível algum efeito positivo no seu desenvolvimento do que o simplesmente lúdico.
0-12
meses
Esta é uma idade em que a criança vive ainda
muito dentro do seu mundo,
sem qualquer autoperceção consciente. Ela não
sente o seu Ego, não distingue o seu Eu do resto que a envolve. Deteta os acontecimentos
exteriores mas não a si mesmo como indivíduo separado do ambiente. A sua
consciência é do tipo "oceânica", de instintos rudimentares, sem
noção de tempo e espaço. A sua consciência flutua numa esfera extrapessoal. Ela
ainda se desconhece a si mesma.
Os melhores brinquedos serão os mais simples:
objetos de formas diversas mas inseparáveis, sem partes que se soltem mas onde
o sentido do tato e o da visão possam ser experimentados. Ela vai assim
desenvolvendo a perceção, as noções de volume, peso e espaço. A diversidade de
cores é importante.
1-3
anos
A partir dos 15 e 18 meses ele se desprende da
consciência oceânica, extrapessoal e vai adquirindo a auto-consciência. Ela já
se percebe como um indivíduo distinto dos outros e separado do ambiente. Ela
forma o seu Eu e começa a estruturar a sua personalidade. Inicialmente essa
diferenciação ainda é difusa mas aos 3 anos já a sua mente está esclarecida.
Ela reconhece-se como um ser próprio, diferente dos outros, com uma
individualidade que se desenvolve hora a hora.
Os brinquedos devem começar a satisfazer essa
mudança que é muito grande nesse período.
Os melhores devem promover o
conhecimento do mundo através de livros simples ilustrados sobre objetos do
quotidiano, bonecos que representem animais domésticos afáveis (cachorros, por
exemplo), etc. O objetivo dos brinquedos nesta faixa etária deve ser lúdico mas
também ilustrativo do mundo que exista fora do seu meio. Deve manter-se a
estimulação cognitiva que ponha a criança a pensar sobre questões como peso,
volume, altura, largura, profundidade. A sua perceção sensorial deverá ser
aumentada.
3-5
anos
Algumas crianças já começam a aprender a ler
nestas idades. Também já têm estabelecidas as estruturas cerebrais que lhe
permitem desenvolver a chamada "teoria da mente", ou seja, perceber o
que os outros possam sentir ou pensar, sabendo antecipar as suas reações. Estão
já numa fase em que a sociabilização é muito importante e a aquisição de
valores e regras, baseados em princípios que norteiam a família e a sociedade
em que está inserida, são decisivas para o seu auto-conceito (auto-imagem,
auto-estima, etc.). Ou seja, elas já opinam sobre os outros e sobre si mesmas.
O desenvolvimento da curiosidade é decisiva para se tornar em pessoas desejosas
de saber, preparando-as para os anos de escola que estão a aproximar-se.
Os brinquedos podem ser mais complexos, tais
como construções, jogos que estimulem a inteligência e a criatividade, livros
sobre a Natureza e materiais para desenhar, pintar e modelar.
5-7
anos
A criança já está na escola. Já vive um mundo
de símbolos, ideias e conceitos. Já se separou das oscilações do ego-corpo
(simples, instintivos e impulsivos). A linguagem adquire uma importância vital
não apenas para comunicar mas também para estruturar os pensamentos. O seu
eu-mental transcende o eu-corpo que foi predominante nos anos anteriores. A
criança ainda é egocêntrica mas começa a dar-se ao mundo por interação com os
outros, nos quais se revê ou não. O superego - conjunto internalizado de
exigências, proibições, regras e conceitos morais decorrentes da educação -
está em grande atividade. A descoberta do mundo e do seu papel nesse mundo são
acontecimentos vitais para o seu desenvolvimento.
Os melhores brinquedos devem ser livros sobre
o mundo, de leitura simples, muito ilustrados, histórias, videojogos que
estimulem a imaginação, a concentração e os reflexos, brinquedos que possam ser
transformados (tipo "legos"), etc.
7-10
anos
Nesta fase a criança entra no chamado
"ego intermédio" (que vai até aos 12 anos). Tem consciência da
importância dos afetos e sentimentos como culpa, orgulho, desejo, amor e ódio,
que podem ser vivenciados e percecionados sem consciência crítica. A criança
ainda está envolta num certo "banco de nevoeiro" relativamente à
realidade do mundo, especialmente o humano. Os seus horizontes mentais (visões
do mundo) são ainda muito restritos. As necessidades de auto-estima são
elevadas, a força de vontade pode ser estimulada, o auto-controlo e as metas da
vida devem ser instaladas. A noção de passado e futuro começa a ser ampliada. A
perceção temporal torna-se mais nítida. O pensamento é já operacional e
concreto.
Os brinquedos ideais devem corresponder a este
perfil de personalidade e à sua estrutura cognitiva. Livros de histórias, de
aventuras e de ilustrações sobre os diversos mundos do "mundo terrestre e
universal" - Terra e Espaço Sideral, jogos diversos, desportos,
brincadeiras ao ar livre, parques temáticos, etc.
10-12
anos
Findo o período do "ego intermédio" a
criança entra na pré-adolescência. A influência dos amigos começa a suplantar a
dos pais. O seu pensamento torna-se mais complexo, mais crítico e mais
distanciado. Ela afasta-se dos mais pequenos e procura apoio nos amigos mais
velhos ou mais maduros. Preocupa-se com o desenvolvimento da sua personalidade
(personalidade escolhida), o seu aspeto (físico e psicológico), deseja crescer
rapidamente.
O interesse pelos desportos de competição pode
ser estimulado e enriquecido. Talentos inatos encontram a sua melhor ocasião
para desabrocharem mediante as condições que lhe são apresentadas.
Os brinquedos podem incluir aparelhos/objetos
de desporto (bolas, pranchas de surf, barcos), brinquedos radio-controlados,
livros diversos, computadores, inscrição em clubes (desportivos e culturais),
etc.
Nelson S Lima