O chamado "juízo crítico" é uma das mais
importantes capacidades que o cérebro nos oferece e que é parte da inteligência
analítica, da lucidez e do auto-conhecimento. É susceptível de treino!
Ele realiza-se através de uma opinião, de uma
conclusão baseada em informação acerca de algo e de uma decisão segura. É um
fenómeno subjectivo que depende da capacidade de usar o pensamento abstracto.
É afectado pela quantidade e a qualidade da
informação disponível acerca de uma decisão a tomar mas também pela
personalidade, o auto-conhecimento, as nossas experiências, os nossos
sentimentos, as nossas outras capacidades cognitivas, aspetos culturais,
sub-culturais e sociais e ainda quaisquer outros factores extrínsecos que
afectem os possíveis resultados de uma decisão.
Ter um bom "juizo crítico" é estar
capacitado para entender com pragmatismo e sentido crítico o que se passa na
nossa vida (e o que temos de decidir) e no resto das coisas em que estamos
envolvidos (projetos, trabalhos com equipa, avaliação de situações, opções,
etc.).
Baixo juízo crítico, por sua vez, está relacionado
com insensatez, imprudência, impulsividade não-crítica, intolerância,
dependência, etc.
Pode o juízo crítico ser desenvolvido? Pode. E deve
ser treinado e praticado na escola desde tenra idade.
Infelizmente isso não está previsto no ensino (ou,
se está, não é adequadamente promovido nos alunos). E é causa (geralmente
ignorada) de muito insucesso escolar e comportamentos desajustados (ou seja,
não inteligentes).
Desenvolver o
juizo crítico
O melhor caminho é o da aprendizagem e adoção de
hábitos cognitivos mas também operativos (executivos e práticos), ou seja,
aprender a pensar criticamente, com boa regulação das emoções e um bom diálogo
interior (a auto-conversa).
O nosso cérebro é uma caixinha de surpresas. Como
sistema operativo ele interpreta a realidade conforme uma enormidade de fatores
- que vão desde os genes até à educação e à nossa interação com aquilo que
chamamos o "mundo real".
Criar bons hábitos mentais e boas práticas
comportamentais têm como ponto de partida um cérebro ótimo (tanto quanto
possível).
Esse estado ótimo depende muito do que fazemos com o
nosso organismo o que respeita à alimentação, ao sono, à atividade física (que
tem um tremendo impacto na saúde do cérebro podendo até aumentar a sua
longevidade dinâmica) e a tudo o resto que proteja e reforce nosso órgão
central (e o sistema nervoso em geral).
Finalmente, a educação é um recurso extraordinário
para levarmos nosso juízo crítico ao seu melhor. O cérebro - tal como o
pensamento - educa-se. É uma das maravilhas da natureza. Sendo ele quem nos
atribui a consciência de nosso EU permite também que seja objeto de treino e
educação.
Ter um bom juízo crítico é levar o cérebro
(sobretudo sua parte emocional e executiva) ao máximo de suas capacidades. É o
aproveitar de todos os recursos disponíveis nas grandes redes de neurónios que
fazem dele uma estrutura inteligentíssima.
Promova a saúde cerebral e treine a sua inteligência
das crianças. São vários os processos e diversos os caminhos.
Veja as características da criança e do adolescente
dotados de bom juizo crítico:
- revela uma atitude de constante curiosidade
intelectual;
- desenvolve a crítica de si mesmo e dos outros;
- gosta de investigar e fazer muitas perguntas;
- esforça-se por compreender os princípios gerais
das coisas;
- não é propensa a aceitar afirmações, respostas e
avaliações superficiais;
- revela habilidade na compreensão da estrutura de
argumentos em linguagem natural;
- é capaz de fazer a distinção entre questões de
facto, de valor e questões conceituais;
- mostra habilidade para penetrar até ao cerne de
uma discussão ou debate;
- tem geralmente um bom sentido de humor (é
otimista).
Já viu as pistas? Tudo isto pode ser aprendido,
treinado e desenvolvido. Conduz à maturidade e a comportamentos inteligentes.
Nelson S Lima