Ao fim de alguns anos de estudos e experiências científicas chegou-se à conclusão que as aprendizagens, em especial as académicas, são mais fáceis, eficazes e duradouras se adaptarmos os processos e as estratégias de ensino à natureza e ao modo de funcionamento do cérebro.
Vejamos:
- o cérebro é um eficiente órgão de aprendizagem através da qual constrói os mecanismos de adaptação ao meio, incluindo a inteligência;
- novas aprendizagens são altamente responsáveis pelo desenvolvimento do cérebro enquanto órgão, prolongando a sua agilidade (plasticidade neural) e mantendo-o em modo de "funcionamento ótimo" durante mais anos;
- a aquisição regular de novas aprendizagens ajudam na longevidade do cérebro e na eficiência das atividades cognitivas como a perceção, o processamento da informação, os diversos tipos de pensamento e da memória, o juizo crítico, a criatividade, o planeamento e a manutenção da flexibilidade mental.
A ter em atenção:
- uma certa dose de stress é benéfica para aprender melhor na medida em que favorece a concentração, o processamento de novas aprendizagens e o exercício do pensamento (incluindo a elaboração de cálculos);
- doses excessivas e/ou crónicas de stress impedem a aprendizagem e são responsáveis pela desmotivação e o insucesso escolar (este tipo de stress, conhecido como "distress" provoca a secreção de químicos chamados glicocorticóides que afetam o hipocampo - uma estrutura interior do cérebro necessária à memorização;
- o mesmo distress bloqueia também a memória impedindo a recordação de conhecimentos adquiridos (situação que se verifica frequentemente em situações de avaliação como testes e exames);
- contar pelos dedos, como se fazia antigamente, favorece o desenvolvimento das capacidades de aprendizagem do cálculo (sabe-se agora que as mãos, em especial os dedos, estão ligados às operações mentais de aritmética);
- a repetição de dados (palavras, números, etc.) ajudam na aprendizagem porque uma estrutura do cérebro chamada "giro angular esquerdo" é estimulada, favorecendo a atenção, a compreensão e a memorização mais rápida;
- o cálculo mental pode ser melhorado se se utilizarem suportes pedagógicos como desenhos, jogos e puzzles porque as áreas do cérebro envolvidas nos processos matemáticos são as mesmas que as usadas pela inteligência espacial;
- a correção de erros (aceitando o erro como uma ferramenta essencial para aprender) ajudam a aprender melhor pois facilitam a reconstituição de saberes eliminando mais facilmente dados errados já adquiridos (o cérebro não apaga facilmente conhecimentos antigos enraizados e isso explica porque quanto mais avançamos na idade mais dificuldades temos para aceitarmos novos saberes que anulem os anteriores);
- o ritmo das aprendizagens deve ser o mais regular possível porque o cérebro tem dificuldade em lidar com desfasamentos horários e quebras de ritmo; por exemplo, cinco dias de aulas é melhor do que que quatro dias de aulas seguidos de um fim de semana de três dias (isso explica porque nas segundas-feiras a capacidade de aprendizagem é mais baixa do que as quintas-feiras, por exemplo); ou seja, os intervalos entre aprendizagens não devem ser longos sob pena de os alunos sofrerem de dessincronização;
- no respeita ao tempo de aulas sabe-se que o ritmo ideal, ao longo de cada ano, é de 7 semanas de aulas com um intervalo de 2 semanas de férias e assim sucessivamente até à mudança de ano lectivo;
- o famoso método global de aprendizagem de leitura mostrou-se cientificamente menos válido do que a aprendizagem silaba a sílaba; isto tem a ver com o funcionamento das áreas cerebrais envolvidas na aprendizagem da linguagem, nomeadamente a "área de Broca", o "girus angular" e a "área de Wernicke"; novos estudos confirmaram que o método silábico é o mais
Nelson S Lima