Minha mãe, a Natureza, me fez...
1. Todos temos uma vida antes de nascer. Se ela não tivesse
lugar, simplesmente seriamos um projeto falhado. Não, não estou a falar de
"vidas passadas".
Eu comecei a viver - tal como você - muitos meses antes de
ver a luz do dia. Tal como vocês, claro. Não sei se a igreja e a ciência estão
de acordo quando uma criança em gestação pode ser considerada uma pessoa. Eu
defendo que é quando as tais sementinhas do pai e da mãe dão as mãos e partem à
aventura da vida. Duas juntas fazem quatro, quatro fazem dezasseis e por aí
fora até formarem um amontoado perfeito e inteligente de células em redor de um
sistema nervoso que tudo vai controlar. Pouco depois já bate um coração!
A NOSSA VIDA ANTERIOR AO NASCIMENTO COMEÇA AÍ. E é uma longa
jornada com muitos acontecimentos pelo meio. É uma viagem rumo ao futuro no
aconchego da MÃE NATUREZA REPRESENTADA PELA NOSSA MÃE BIOLÓGICA.
2. Sim, a NOSSA VERDADEIRA MÃE É A NATUREZA. É ela que nos
proporciona a vida, mesmo agora, neste preciso momento. A nossa mãe biológica é
apenas a portadora. Mas não deixa de ser importante. Para o bem e para o mal.
Antes e depois de todos aqueles acontecimentos.
Muitas crianças nascem nervosas porque as suas mães vivem
ansiosas e stressadas. Outras ficam expostas a outros problemas mais sérios
porque as suas mães são alcoólicas. Muitas mais serão otimistas e voluntariosas
porque suas mães são felizes e se sentem amadas.
O meio ambiente proporcionado pelo ventre materno decidiu
muito do nosso futuro ainda antes da data do nosso nascimento, aquele cuja data
celebramos nos aniversários. É um processo biológico onde se ligam genes,
pensamentos e memórias.
Se ainda tiver mãe (como eu) e quiser conhecer um pouco de
si pergunte-lhe sobre a gravidez dela, os sentimentos e vivências por que ela
passou. Talvez encontre algumas respostas que ande à procura para se conhecer
melhor. Ou talvez se surpreenda com novidades.
3. Eu passei a saber mais de mim quando um dia, há muito
tempo, perguntei a minha mãe como foi a gravidez dela, o que aconteceu nesse
intervalo de tempo e como ela via e vivia o mundo do pós-guerra. Foi uma
conversa que iluminou alguns espaços da minha vida que se mantinham nebulosos.
Alguns aspetos de minha personalidade, certos detalhes da
minha mente (ataques de pânico até aos 35 anos, ansiedade generalizada, e
outros) para os quais eu nunca encontrara resposta, ficaram esclarecidos e
desapareceram depois.
Minha mãe Natureza, através de minha mãe biológica, me
lançou na vida e logo ela se expressou de muitas formas. Ainda hoje isso
acontece.
Nelson S. Lima