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Autor: Nelson S. Lima (clique na imagem)

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As crianças e os programas de televisão

Qual a importância das crianças verem desenhos animados e séries infantis e como contribuem esses momentos lúdicos para o seu desenvolvimento?
O brincar constitui uma actividade que, para lá dos seus momentos de prazer, proporciona duas outras vantagens: descontrai a criança (podendo usufruir do que se designa por “experiência óptima” ou “estado de fluxo”) e contribui para o desenvolvimento cognitivo através do exercício do pensamento, da criatividade, da memória, da concentração. Neste capítulo, ver filmes pode ser uma actividade que beneficia a criança não apenas divertindo-a mas confrontando-a com outras visões do mundo e provocando a curiosidade embora seja uma tarefa passiva e não interactiva.

Em idade pré-escolar as crianças são atraídas especialmente pelas cores, as formas, as texturas, os sons e os movimentos. Nesse período o cérebro aprende e treina intensamente a aptidão para construir um significado ao que os seus sentidos captam. Os neurónios são activados intensamente através da experiência, das aprendizagens, da interacção com o mundo (o interno, da mente e o externo, do ambiente).

Na idade escolar o processo continua mas alarga-se o espaço de contacto e interacção. O interesse pelos ecrãs aumenta, desde os da televisão aos dos computadores e do cinema. Os jogos adquirem uma importância crucial e os heróis das séries televisivas entram no imaginário.Na adolescência, as grandes estruturas cognitivas já estão estabelecidas. A mente social alarga-se com o cultivo de um maior número de laços com novos amigos e colegas. A televisão começa a ser percebida como uma janela sobre o mundo e as séries juvenis tendem a conquistar-lhes alguma atenção. Mas é a internet quem leva a melhor pois novos sistemas de relações e jogos interactivos permitem uma diversidade de acções e contactos que a televisão não consegue. As salas de cinema tornam-se também em locais de diversão mais frequentes e de encontro entre amigos.

Quando os programas infantis são lúdicos e pedagógicos, que valores e comportamentos positivos podem ensinar aos pequenos?
Crê-se que na perspectiva das crianças há 5 tipos de programas de televisão: os lúdicos, os pedagógicos, os lúdico-pedagógicos, os proibidos-mas-tentadores (caso dos filmes de cariz erótico, os filmes de terror, etc.) e os intragáveis (debates políticos, etc.).

A educação equilibrada da criança passa por algum cuidado na seleção dos programas que lhes seja permitido assistir. Tal como outros meios, a televisão pode ajudar a criança a integrar-se no mundo. Mas os pais e os educadores devem ser mediatizadores, ajudando-a a descodificar muitas das coisas que vêm mas que não entendem ou entenderão mal. Por fim, a televisão não deve ser apenas um elemento complementar do espaço de lazer da criança. As brincadeiras ao ar livre e os jogos são muito mais importantes.

Nos casos em que as mensagens que veiculam não são tão positivas(violência, maus exemplos, uso de linguagem incorrecta, comportamentos desviantes) como deve ser o papel dos pais?
Filtrar, filtrar tudo o que possa violentar a mente da criança.

Até quando se deve seleccionar o que as crianças vêem e limitar o visionamento dos maus exemplos e a partir de que idade permitir?
A televisão, actualmente, desnudou-se e não pratica a auto-censura. De forma que passa muito lixo para o ecrã. Essa poluição tóxica feita de imagens e palavras pode ser muito perigosas.

Como explicar a um filho que acção ou comportamento X que a personagem Y fez não é aceite ou é mesmo errada no mundo real?
Depende das idades mas as crianças pequenas têm dificuldade em entender esse esforço pedagógico. O mundo chega-lhes cheio de matizes e é-lhes difícil discernir o que é bom e o que é mau. O papel dos pais deve ser intenso e deve partir de uma educação de base que se prolonga no tempo tendo como função incutir valores, regras, princípios, ideais e modelos de vida. Com esse tipo de educação a criança aprende ela própria a separar o trigo do joio apenas com uma pequenina ajuda.

Por que se identificam as crianças com os heróis dos desenhos animados?
Tem a ver com as emoções. Os heróis são fortes, vigorosos, carismáticos, vencedores e proclamam a vitória do Bem sobre o Mal. A criança, que é uma excelente imitadora (é um recurso da aprendizagem), tende naturalmente a identificar-se com esse tipo de personagens. E porque os vilões são geralmente os perdedores no final das histórias e muitas vezes ridicularizados as crianças não se sentem atraídas por eles.

E como explicar que se mantenha o fascínio pelos super heróis nas crianças de hoje em dia?O que é percebido como mágico causa sempre deleite e fascínio. As crianças de hoje não diferem das crianças de outros tempos no que diz respeito às suas estruturas cognitivas e emocionais.

Existem meninos e meninas que, por vezes, levam a sua adoração pelos super heróis um pouco mais longe, e, acreditando que possuem os mesmos poderes ou tentando imitá-los, se magoam, em alguns casos, com gravidade.Como podem os pais explicar-lhe a destrinça entre ficção e realidade,prevenindo ao mesmo tempo acidentes?
Podem explicar-lhes com pequenos exemplos ou com a desmontagem de truques de magia para que percebam o lado teatral mas não menos divertido das histórias e dos feitos dos heróis ou dos vilões dos filmes.

Quais os perigos que advêm dos meninos verem programas infantis em excesso e sem o devido acompanhamento dos pais?
Todos sabemos que em excesso faz mal à saúde (à visão, ao cérebro, etc.), provoca sedentarismo e diminui o contacto com o mundo real e tridimensional da vida fora do ecrã.

No geral, como deve ser a atitude parental em relação aos programas infantis, nomeadamente aos desenhos animados? Qual o correcto visionamento diário nas diferentes idades e como seleccionar os melhores para veicular aos filhos valores e comportamentos correctos, propondo-lhes boas referências para a vida real?
O melhor é os pais procurarem informar-se junto de pedagogos habilitados. Há bons livros sobre o assunto. Mas também uma atitude crítica dos pais ajuda a que estes possam estabelecer regras, nomeadamente quanto a horários e a programas. Por outro lado, é importante que as crianças vejam a televisão por partes, isto é, um bocadinho de manhã, outro à tarde e assim por diante. É altamente prejudicial deixar uma criança 2 ou 3 horas fixada no ecrã. Deixa de brincar, vicia-se na televisão, cansa o cérebro, tende a ficar obesa e a desleixar-se com os seus deveres, nomeadamente os trabalhos escolares e pequenas tarefas domésticas que lhe estejam atribuídas.

Nelson S Lima